quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Indecente, imoral e sem vergonha

(Artigo sobre as eleições para representante do DCE-UFMS

Indecente, imoral e sem vergonha

Foi parafraseando a banda paranaense Faichecleres que achei o melhor título para esse texto. Confesso que essa não foi a minha primeira opção. Pensei em outras coisas mais clichês como “Palhaçada”, “Jogo Sujo”, “Choque de Ética”, entre outras coisas. Mas “Indecente, imoral e sem vergonha” realmente vem bem a calhar quando o assunto são as eleições para representantes no DCE.
Quero deixar bem claro, antes de mais nada, que escrevo apenas da situação do CCHS, onde faço o 4º ano do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, apesar de ter escutado queixas sobre a situação em outros centros.
Esse foi um ano bem atípico na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, pelo menos para mim. Pela primeira vez eu vi um movimento estudantil forte. E acho que devemos dar as honras a quem merece. Graças a alguns acadêmicos, e sem medo de cometer engano eu posso afirmar, principalmente, ao também aluno de jornalismo, Ítalo Milhomem, conseguimos nos unir para reinvidicar coisas de interesse comum na comunidade acadêmica.
A primeira grande movimentação foi sobre o voto paritário, alunos e técnicos se juntaram para aprovar uma fórmula para as eleições de reitor muito mais justa e democrática do que a atual forma utilizada pela UFMS. Fórmula que foi considera, pelo o então reitor, como ilegal. Fato que nos deixou confusos, afinal ela é utilizada em mais de 20 universidades federais.
Logo após, houve o ápice do movimento estudantil nesse ano, a ocupação da reitoria. Movimento totalmente justificável, embasado, justo e necessário. Vivemos tempos de opressão na universidade. Dias em que estagiários são demitidos por apoiar uma manifestação, dias em que acadêmicos são perseguidos pela assessoria de comunicação (também conhecida como assessoria de repressão).
No meio disso tudo algumas pessoas se destacaram, entre elas estudantes e alguns professores substitutos. Pessoas que eu, inocentemente ou idiotamente, aplaudi após fazerem discursos sobre ética, respeito e moral. Pessoas que enchiam o peito para gritar palavras ofensivas contra o reitor. Dentre os gritos e cantos, muitos falavam sobre a má administração, sobre corrupção na universidade, de como a ganância pelo poder fazia com que a administração fosse incorreta e imoral. Eu, como sempre, estava ali aplaudindo tudo isso.
Bom, hoje eu abri meu armário e escolhi uma roupa como quem vai a uma festa a fantasia. Escolhi a minha melhor, a de otário. Aquela muitas vezes confundida com a de idiota, imbecil ou qualquer adjetivo parecido.
Muitas dessas mesmas pessoas que criticavam o então reitor, nas eleições para os representantes de centro para o DCE, cometeram os mesmos erros que o magnífico. Primeiro montaram uma comissão eleitoral totalmente parcial, mentirosa, quase esquizofrênica, que muito lembrava os conselheiros comprados da reitoria. Depois espalharam boatos infundados sobre candidatos adversários, muitas acusações sem provas somente para desmoralizar o oponente que tentava se impor somente através de idéias. Essa tática da boataria, da calúnia, também foi utilizada pelo nosso ex-chutador de professor. Alguém lembra de quando criticaram uma candidata a reitoria por pagar festa para acadêmicos, que por uma mera coincidência, eram eleitores? Adivinhem só, uma chapa fez a mesma coisa.
E por fim, desceram ao mais baixo nível de uma disputa eleitoral. Contrariaram todas as regras da ética em uma eleição e descaradamente, com a ajuda da comissão eleitoral, fizeram ontem, durante todo o dia campanha política. Sim, no dia da eleição, a poucos metros das urnas. Distribuindo camisetas, folders e pedindo voto para o seu candidato (ah! O candidato também estava lá!).
Por isso indecente, imoral e sem vergonha. Uma chapa que acusa o adversário de estar sendo bancado por partidos de direita, alertando pela possibilidade dele ganhar a eleição por investir muita grana, distribui várias camisetas, faixas, churrasco e material de divulgação, enquanto o adversário protegido pelos partidos já mencionados compra apenas uma faixa de vinil recortado. Longe de mim insinuar que todo o “choque” foi patrocinado por um partido político também.
Dinheiro, boatos, brindes, churrascos e por fim boca de urna. Assim se faz uma campanha vencedora. Assim fizeram para eleger uma reitora, assim fizeram pra escolher um representante do DCE. E o movimento? Com tantos interesses da pra ficar em segundo plano.


Renato Heimbach – Acadêmico de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo